Suicídio






“Parece simplesmente não existir nenhuma luz no fim do túnel.”
“Nada mais parece fazer sentido, há apenas uma dor tão pesada que carrego, e que não consigo mais suportar…”
“Não aguento mais viver assim, eu gostaria de viver, mas não assim…”
“Não há mais nada que eu possa fazer, seria melhor morrer…”



     Para algumas pessoas, em determinados momentos da vida, pensar na morte como a única saída para uma situação de sofrimento intolerável, talvez pareça a única solução possível. Quando uma pessoa se sente no limite, de tal forma angustiada, desesperada e sem esperança, é compreensível que considere que prescindir do direito de viver, apesar de constituir uma solução permanente, pareça ser a melhor forma de lidar com uma situação que, naquele momento, é tão avassaladora e dolorosa. É como se sentisse que está perdida num labirinto completamente escuro, como se todos os caminhos que permitem o acesso às portas de saída deixassem de existir, e quem mesmo que tentasse percorrer um desses caminhos, isso apenas resultaria em mais um esforço inútil, pois não só encontraria as portas completamente trancadas, como não teria disponíveis as chaves adequadas para as abrir.

     Se para si, a dor emocional que sente é de tal forma elevada, que a possibilidade de suicídio é uma opção viável, ou se de outra forma, receia que alguém que lhe é importante esteja a correr esse risco, reflita por favor, apenas por mais um pouco, nas próximas linhas e permita que esta informação a possa ajudar a compreender quão urgente pode ser procurar ajuda especializada.
 
     Reconhecemos que falar sobre suicídio é particularmente desafiador. Parece que, semelhante a tantas outras situações de vulnerabilidade psicológica, para as quais preferimos olhar apenas em secreto, o silêncio funciona somente como mais uma “máscara” que visa esconder uma realidade de profunda dor, misturada com sentimentos de vergonha, estigma e diferença … oferecendo, mais uma vez, pouca ou nenhuma ajuda útil. Por isso, gostaríamos de por momentos, convidá-lo/a a retirar essa máscara, e a vestir o papel de um/a espectador/a atento/a, a uma realidade tão presente nas ditas sociedades modernas. Senão repare: apenas num único ano, cerca de um milhão de pessoas no mundo tiraram a sua própria vida – aproximadamente uma morte a cada 40 segundos – e provavelmente há 4 milhões que o tentam fazer! O suicídio encontra-se entre as 10 primeiras causas de morte, sendo que porcada suicídio ocorrem 11 tentativas sem sucesso. Cerca de 20% das pessoas que tentam suicidar-se, senão procurarem ajuda especializada, repetem essa ação no prazo de um ano, aumentando a probabilidade de eventualmente morrerem por suicídio. Cerca de 10 % de todas as tentativas de suicídio são mortais.Só em Portugal, a taxa de suicídio dobrou na última década, de cerca de 600 para mais de 1.200 casos por cada ano. Dá que pensar, não é? Até porque, embora os números referidos pareçam deveras assustadores e difíceis de aceitar, a possibilidade de escolher por fim à sua própria vida, pode afetar, em alguma medida, a cada um de nós, ou tão importante quanto isso, pode envolver uma pessoa que nos é tão querida, independentemente da idade, condição socioeconômica ou localização geográfica.

     É importante entendermos que, a probabilidade de uma pessoa cometer suicídio varia num contínuo, que contempla a ideação suicida – pensamentos acerca da possibilidade de cometer o suicídio -, a tentativa de suicídio – gestos auto-destrutivos não fatais – , até ao suicídio consumado, que resulta em morte. Mas face a qualquer um desses grupos, naturalmente a questão à qual gostaria de saber uma resposta, se prenda com o que motiva alguém a escolher terminar com a sua própria vida. Em termos genéricos, por um lado, o suicídio veicula o desejo de uma pessoa em escapar ou terminar com o seu sofrimento (que é resultante de variadíssimos problemas) e, por outro lado, o seu desejo em comunicar o seu sofrimento aos outros – é um pedido de ajuda. Além disso, cada pessoa têm os seus próprios motivos, muito particulares, profundos e extremamente dolorosos que a levam a ponderar desistir de viver. Uma mudança repentina nas suas circunstâncias de vida, tais como dificuldades financeiras, desemprego ou perda de estatuto socioeconômico, mudanças no contexto familiar ou relacional (divórcio, fim de uma relação, morte de um familiar…) ou ainda a sensação de isolamento, solidão e a ausência de horizontes ou projetos futuros podem constituir factores relevantes.

     Não esqueçamos também a companhia indesejável de certas perturbações do humor (depressão, perturbação bipolar, esquizofrenia), que podem contribuir para um estado de maior desorganização e desconforto emocional, ao fragilizarem as potenciais competências para pensar em soluções e lidar com as adversidades,o que por sua vez aumenta a possibilidade do desespero se tornar ainda mais intolerável. Sabia que mais de metade das pessoas que se suicidaram, estavam deprimidas? Estima-se ainda que o risco de suicídio ao longo da vida em pessoas com perturbações do humor (principalmente depressão) é de 6 a 15%; com alcoolismo, de 7 a 15%; e com esquizofrenia, de 4 a 10%.). A comunidade científica também nos informa que a probabilidade de tentar o suicídio é duas a três vezes superior nas mulheres, enquanto os homens apresentam uma probabilidade quatro vezes maior de o consumarem. A escolha do método de suicídio, que pode ser influenciada pela disponibilidade de meios, também é variável em função do gênero feminino ou masculino.

     Na verdade, talvez possa ficar surpreendido ao se aperceber que a maioria das pessoas que pensam, tentam ou cometem o suicídio, escolheriam outra forma de solucionar os seus problemas, se não se encontrassem numa tal angústia que as incapacita de avaliar as suas opções objetivamente. A sua intenção é parar a sua imensurável dor psicológica e não pôr termo à sua vida. Dão por isso sinais de esperança de serem salvas. Querem simplesmente fugir das duras realidades da vida e tensões com as quais não conseguem lidar, para as quais não vêm uma solução possível, nem perspectiva de melhoria ou mudança no futuro.

     O suicídio pode ser compreendido como resultando da interação de 3 factores: pressão/stress social, vulnerabilidade individual e disponibilidade de meios.

     Alguns números acerca das características das pessoas que tendem a suicidar-se…
  • Mais frequente nos homens que nas mulheres (2:1). 
  • Presença de problema psiquiátrico/psicológico em pelo menos, 93% dos casos. 
  • Perturbação do humor (depressão, bipolaridade) ou alcoolismo em 57-86 % dos casos. 
  • Doença terminal em 4-6% dos casos. 
  • Cerca de 66% comunicaram a intenção suicida (40% de forma clara). 
  • Cerca de 33% tiveram tentativas anteriores de suicídio. 
  • Cerca de metade não tinham contactado técnicos de saúde mental. 
  • 90% tinham contactado serviços de saúde. 





FACTORES QUE AUMENTAM A PROBABILIDADE DE SUICÍDIO

  • Modelos de suicídio: familiares, pares sociais, histórias de ficção e/ou notícias veiculadas pelos média; 
  • História de suicídio, violência ou de perturbação de humor na família. 
  • Tentativas prévias de suicídio; 
  • Ameaça ou ideação suicida com plano pormenorizado elaborado; 
  • Acesso fácil a agentes letais, tais como armas de fogo ou pesticidas; 
  • Presença de depressão, esquizofrenia, alcoolismo, toxicodependência e perturbações de personalidade; 
  • Presença de perturbações alimentares (bulimia). 
  • Presença de doenças de prognóstico reservado (HIV, cancro etc.); 
  • Hospitalizações frequentes, psiquiátricas ou não; 
  • Ter entre 15 e 24 anos ou mais de 45; 
  • Desemprego ou dificuldades econômicas que alteram o estatuto familiar;
  • Problemas no trabalho; 
  • Morte do cônjuge ou de amigos íntimos; 
  • Família atual desagregada: por separação, divórcio ou viuvez. 
  • Perdas precoces de pessoas importantes (pais, irmãos, cônjuge, filhos); 
  • Falta de apoio familiar e/ou social; 
  • Ausência de projetos de vida; 
  • Desesperança contínua e acentuada; 
  • Culpabilidade elevada por atos praticados ou experiências passadas; 
  • Ausência de crenças religiosas; 
  • Mudança de residência; 
  • Emigração; 
  • Reforma; 
  • Ter sido alvo de abuso sexual ou psicológico; 
  • Experiência de humilhação social recente.


Sinais de alerta

     Como descrito anteriormente, a maioria das pessoas que se suicidam, dão pistas e sinais de aviso, mas os outros que as rodeiam não estão conscientes do seu significado nem sabem como responder. 

     Eis alguns exemplos de sinais de alerta, cuja detecção atempada e intervenção eficaz poderá salvar vidas: 
     
  • Tornar-se uma pessoa depressiva, melancólica (apresenta uma grande tristeza, desesperança e pessimismo, chora sistematicamente); 
  • Falar muito acerca da morte, suicídio ou de que não há razões para viver, utilizando expressões verbais tais como “Não aguento mais”, “Já nada importa”, ou “Estou a pensar acabar com tudo”; 
  • Preparativos para a morte: pôr os assuntos em ordem, desfazer-se/oferecer objetos ou bens pessoais valiosos, fazer despedidas ou dizer adeus como se não voltasse a ser visto; 
  • Demonstrar uma mudança acentuada de comportamento, atitudes e aparência; 
  • Ter comportamentos de risco, marcada impulsividade e agressividade; 
  • Aumento do consumo de álcool, droga ou fármacos; 
  • Afastamento ou isolamento social; 
  • Insônia persistente, ansiedade ou angústia permanente; 
  • Apatia pouco usual, letargia, falta de apetite; 
  • Dificuldades de relacionamento e integração na família ou no grupo; 
  • Insucesso escolar (por exemplo, quando antes era aluno interessado); 
  • Auto-mutilação. 
     Face a este quadro, é provável que dê por si a reconhecer pelo menos alguns destes sintomas em pessoas que conheça, ou até mesmo em si próprio. Note, contudo, que a lista fornecida apenas fornece alguns exemplos de sinais que podem indiciar a presença de ideação ou tentativa de suicídio. Naturalmente, quanto maior o número de sinais presentes, maior o risco de suicídio, e paralelamente, maior a urgência em procurar ajuda quanto antes.

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